Yin Yoga: na quietude de uma postura, um mundo para explorar!

Este mês, para equilibrar a energia do Verão (elemento Fogo) introduzimos na nossa prática o Yin Yoga. Uma prática com origem Taoista, onde predominam as posturas no solo e se permanece em cada postura durante algum tempo. A permanência durante alguns minutos em cada postura permite que esta actue directamente sobre o tecido conectivo, articulações e ligamentos, promovendo a flexibilidade e libertação de tensões corporais profundas. A quietude permite ainda a exploração do nosso espaço interior, sensações, estados mentais e emoções, proporcionando um estado de união corpo-mente-espirito, que é o objectivo da prática do Yoga.

A prática de Yoga a que denominamos Hatha Yoga refere-se ao equilíbrio das polaridades ou opostos (Ha=Sol, princípio cósmico masculino, dinâmico ou yang; Tha=Lua, princípio cósmico feminino, receptivo ou yin), ou seja buscamos a harmonia entre força e flexibilidade, movimento e quietude, o físico e o subtil, o racional e o intuitivo, etc. As formas originais de Hatha Yoga envolviam o fortalecimento muscular (prática yang), bem com uma prática mais suave de abertura dos tecidos mais profundos e articulações (prática mais yin) que preparavam o corpo e a mente para longas práticas meditativas.

A maioria das formas de yoga praticadas hoje em dia no ocidente são dinâmicas e activas, centrando-se essencialmente na parte muscular e activação da circulação (os tecidos mais yang). Uma prática de Yoga mais yin permite-nos chegar à outra parte do corpo, os tecidos mais profundos e yin, ou seja os ligamentos, articulações, fascia e tecido conectivo e até ossos. Sendo o efeito a flexibilização e fortalecimento de ligamentos, articulações e a reparação do tecido conectivo.

Necessitamos de activar a nossa energia yang para cultivarmos a força e a vitalidade e também as qualidades mais suaves, yin que nutrem e equilibram as energias mais dinâmicas. Conectando com o nosso lado yin aprendemos a escutar, a sentir e a valorizar os aspectos mais subtis da nossa existência. É neste espaço onde muitas vezes encontramos as respostas que buscamos e a cura.

Na prática do Yin Yoga, ao permanecermos em quietude durante alguns minutos em cada postura, trazemos a nossa atenção às flutuações da respiração, damo-nos conta das sensações e em como vão mudando, observamos emoções que vêm e se desvanecem, bem como o vai e vem de pensamentos … Exploramos o aqui e agora. E nesta exploração abrimo-nos ao que é, soltamos resistências físicas e não só! Reconhecemos, honramos e fazemos paz com o nosso mundo interior.
É uma prática simples, suave mas também desafiante… na quietude de uma postura existe um mundo para explorar!

Princípios a ter em conta durante a prática do Yin Yoga:

O tecido conectivo responde alongando, libertando tensão e reestruturando-se quando lhe é aplicada tensão moderada durante 3 a 5 minutos. Assim, a prática requer a permanência na postura em quietude e presença.

Em cada postura vamos encontrar o ponto de resistência, este é o nosso limite – aqui sentimos o efeito da postura e permanecemos; após 30 segundos a 1 minuto o tecido conectivo começa a responder, abrindo e possivelmente convidando (ou não!) à exploração de um novo limite e uma nova abertura; honramos e aceitamos os limites, sem forçar as posturas; dor ou forte desconforto indicam que é necessário sair da postura.

Para que o tecido conectivo e ligamentos possam responder, os músculos da zona alvo necessitam de estar relaxados, por isso usamos apoios como almofadas, blocos - para suportar/apoiar articulações ou partes do corpo e permitir que os músculos descansem.

O efeito a longo prazo da prática do Yin Yoga é o fortalecimento e flexibilização das articulações, no entanto imediatamente após a permanência durante alguns minutos numa postura sentimos as articulações sensíveis e frágeis; devemos por isso sair das posturas lentamente e sem movimentos bruscos, permanecendo numa posição de relaxamento durante alguns momentos (esta sensação de vulnerabilidade passa após alguns minutos).

Desenvolver uma atitude Yin: não forçar o corpo a adoptar uma certa postura; não ter pressa e ser paciente; observar como cada postura afecta a respiração (sem tentar controlar ou forçar um tipo particular de respiração); observar os efeitos e sensações durante a prática e quando saímos da postura; aceitar com gratidão e satisfação os resultados; explorar a quietude e presença. 

Desfruta da exploração do Yin Yoga :)

Bibliografia:

• Bernie Clark, The Complete Guide to Yin Yoga, 2015, White Cloud Press, Oregon.
• Paul Grilley, Yin Yoga, Principles & Practice, 2012, White Cloud Press, Oregon.