quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O Regresso a Casa


… em busca da felicidade duradoura


Estamos no mês do regresso às aulas, regresso ao trabalho (pelo menos para alguns de nós) e também, regresso à rotina do dia-a-dia, muitas vezes com alguma contrariedade e até frustração…

Regressamos também à nossa prática regular de Yoga. São múltiplas as motivações que nos levaram a experimentar e explorar esta prática. Tão variadas como perder peso, reduzir o stress, recuperar de alguma lesão, ter tempo para nós longe do bulício da família, a busca de uma nova direcção na vida depois de uma crise, etc. 

Com a continuação da prática, muitas vezes descobrimos que por detrás desta motivação inicial está um forte desejo de harmonia, paz interior e felicidade. São muitas as razões que nos podem ter levado à prática do Yoga, mas o que renova a nossa dedicação e motivação é a alegria e satisfação interior que a prática nos dá.

À medida que experimentamos ‘aberturas’ de calma, paz interior e claridade e estes períodos se tornam mais frequentes, sentimo-nos mais aptos a responder aos desafios da vida sem nos ‘desmoronarmos’. Reconhecemos que esta satisfação e alegria interior é independente das circunstâncias externas da nossa vida, mas que faz parte da nossa natureza intrínseca. A motivação torna-se então, fortalecer a conexão com esta fonte e estado de satisfação interior.

Descobrimos que a identificação com o que nos traz satisfação temporária, como a carreira, a aparência física, as possessões, etc. nos deixam vulneráveis e susceptíveis… ao medo e ansiedade (de que esta felicidade seja passageira).

Na filosofia do Yoga diz-se que a felicidade é um direito nosso de nascença e partilhamo-lo com toda a humanidade desde sempre. Assim, a motivação por detrás de qualquer Acão nossa é este desejo profundo de felicidade. No entanto esta força motivadora permanece muitas vezes inconsciente ou não é reconhecida. Desde que este desejo permaneça inconsciente ou não reconhecido, as ações que escolhemos e os frutos delas resultantes dificilmente nos trarão a satisfação desejada, traduzindo-se frequentemente em perseguições efémeras e passageiras. Este exilio da nossa paz interior e de nós próprios causa uma sensação de nostalgia (do grego nóstos=regresso a casa + álgos=dor) crescente, que nos impulsiona na busca…

Tentamos ao longo da nossa vida várias estratégias, até que chegamos à conclusão de que o que buscamos não é um lugar, uma coisa, uma pessoa, não é um outro mundo além deste, mas sim um modo de tornar a vida do dia-a-dia mais satisfatória e eventualmente a felicidade duradoura. O que buscamos é uma relação mais intima connosco próprios, com a nossa paz interior.

A experiencia da prática do Yoga leva-nos assim, a valorizar a consciência e conexão com este aspecto de nós próprios, o nosso centro, que permanece imutável, independentemente do que ocorre à nossa volta e de onde retiramos o verdadeiro sentido de segurança, a força, a confiança e coragem.

E cada vez nos tornamos mais fiéis a esta nova liberdade e ao mesmo tempo estamos mais alerta e vigilantes em relação ao que nos pode afastar deste estado. Deixamo-nos guiar pelo que está de acordo com a nossa verdadeira natureza, pelo que nos traz paz e harmonia.

É a prática do Yoga que nos ajuda a descobrir que a nossa libertação está de facto tão perto…, dentro de nós (em casa!).


Agradeço a Donna Farhi que escreveu o livro que me deu a inspiração para este texto, ‘Bringing Yoga to Life. The everyday practice of enlightened living.’, aos meus professores e alunos, que constantemente me desafiam a continuar e aprofundar a minha prática de Yoga.

Cristina Gondar, CirculoDoSer-Yoga & Terapias Corporais, 926 511 271
http://circulodoser.blogspot.co.uk/ , https://www.facebook.com/circulodoser